Um belo disco |
Quando surgiu com seu primeiro álbum solo no
longínquo ano de 2004, Junio Barreto se apresentava ao pequeno público que o
havia notado como um legítimo sopro de novidade e renovação. Se naquele momento
a velha MPB surgia de forma desgastada e apresentando uma série de
contribuintes pouco inventivos para nossa música, o pernambucano e seu homônimo
debut rompiam de
forma primorosa com essa lógica, proporcionando um registro carregado por uma
identidade própria, letras que se esquivavam do básico, além de uma unidade
instrumental peculiar. Passado o lançamento de seu primeiro registro, que
acabou contando com o elogio da crítica e o suporte do outros representantes da
nossa música, Barreto entrou em uma espécie de silêncio. Uma quietude musical
que após sete anos acaba finalmente rompida, com o músico mais uma vez nos
impressionando com a vastidão de seus versos, sua voz e sua detalhada melodia.
Longe do aspecto demasiado específico de sua estréia, o músico converte seu
recente projeto em um registro ampliado em todos seus aspectos.
Carregado
pelo nome de Setembro
(2011, Independente, 23,99), o segundo álbum de Junio Barreto faz crescer dez
aprimoradas composições, faixas conduzidas pela fluência do samba, doses
sintomáticas de rock e os velhos traços da música regionalista nordestina.
Organizado em pouco mais de 30 minutos, o disco transpira os peculiares versos
do músico, que costura elementos do cotidiano, pequenas exaltações ao amor e um
variado jogo de referências que delimitam de maneira vasta a obra do compositor.
Mais
de sete anos separam o pernambucano Junio Barreto do último trabalho em estúdio
por ele apresentado – um homônimo
trabalho lançado em meados de 2004.
Durante esse tempo o músico parece ter se especializado, afundou-se em
melodias, buscou novas possibilidades aos versos anunciados e acima de tudo,
não perdeu a unidade e a beleza instrumental que explorou ao estrear. Ainda
fluindo dentro dos campos da MPB, porém se afastando de quaisquer obviedades, o
músico proporciona pouco mais de 30 minutos de faixas suavizadas, canções que
parecem funcionar como uma chave para adentrarmos os pensamentos do artista,
músicas como a branda Fineza
ou a doce Noturna
que reforçam toda a originalidade e a maestria de Barreto. De hoje em diante,
setembro (o mês) ganha novo significado e inclusive uma trilha própria.
Setembro – Junio Barreto
Nota 10
Marcelo Teixeira
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