sexta-feira, 19 de julho de 2013

O belo e provocador som de Junio Barreto


Um belo disco
Quando surgiu com seu primeiro álbum solo no longínquo ano de 2004, Junio Barreto se apresentava ao pequeno público que o havia notado como um legítimo sopro de novidade e renovação. Se naquele momento a velha MPB surgia de forma desgastada e apresentando uma série de contribuintes pouco inventivos para nossa música, o pernambucano e seu homônimo debut rompiam de forma primorosa com essa lógica, proporcionando um registro carregado por uma identidade própria, letras que se esquivavam do básico, além de uma unidade instrumental peculiar. Passado o lançamento de seu primeiro registro, que acabou contando com o elogio da crítica e o suporte do outros representantes da nossa música, Barreto entrou em uma espécie de silêncio. Uma quietude musical que após sete anos acaba finalmente rompida, com o músico mais uma vez nos impressionando com a vastidão de seus versos, sua voz e sua detalhada melodia. Longe do aspecto demasiado específico de sua estréia, o músico converte seu recente projeto em um registro ampliado em todos seus aspectos.

 

Carregado pelo nome de Setembro (2011, Independente, 23,99), o segundo álbum de Junio Barreto faz crescer dez aprimoradas composições, faixas conduzidas pela fluência do samba, doses sintomáticas de rock e os velhos traços da música regionalista nordestina. Organizado em pouco mais de 30 minutos, o disco transpira os peculiares versos do músico, que costura elementos do cotidiano, pequenas exaltações ao amor e um variado jogo de referências que delimitam de maneira vasta a obra do compositor.

 

Mais de sete anos separam o pernambucano Junio Barreto do último trabalho em estúdio por ele apresentado – um homônimo trabalho lançado em meados de 2004. Durante esse tempo o músico parece ter se especializado, afundou-se em melodias, buscou novas possibilidades aos versos anunciados e acima de tudo, não perdeu a unidade e a beleza instrumental que explorou ao estrear. Ainda fluindo dentro dos campos da MPB, porém se afastando de quaisquer obviedades, o músico proporciona pouco mais de 30 minutos de faixas suavizadas, canções que parecem funcionar como uma chave para adentrarmos os pensamentos do artista, músicas como a branda Fineza ou a doce Noturna que reforçam toda a originalidade e a maestria de Barreto. De hoje em diante, setembro (o mês) ganha novo significado e inclusive uma trilha própria.

 

Setembro – Junio Barreto

Nota 10

Marcelo Teixeira

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