Os tribalistas: melhor que em 2002 |
Com um estilo mais autoral e menos
conturbado que o primeiro lançamento de 2002, os Tribalistas
ressurgem em um momento transformador e único na vida dos três mosqueteiros
amigos e fazedores de música. A volta dos cinquentões, como já havia escrito em
artigo anterior, demonstra toda a versatilidade de Arnaldo
Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte em meio a crises musicais que o Brasil vem
passando nos últimos tempos. O novo disco é muito melhor que o disco que o de
outrora a começar pelas letras, muito mais elaboradas e menos populista e pela
sofisticação da capa, das vozes e do cenário musical que cada um interpreta em
seus estilos solitários. Pode parecer banal, mas Tribalistas
(2017 / Universal Music / 29,99) é um disco que merece ser ouvido e
reouvido porque a sonoridade produzida aqui é de uma maestria sem igual. Assim
como ainda acredito que ser tribal é pertencer ao grupo criado pelo trio, ou
seja, apenas amigos são convidados a cantar com eles em estúdio ou ao vivo,
fazendo desse tribalismo um ato de amor à música. É como se amigos de outros
tempos se reunissem e ficassem cantando ao luar: é assim como este belo álbum é
representado. Para se unir ao trio de amigos, a cantora portuguesa Carminho fecha o disco com uma delicadeza sem igual,
na faixa que soa como infantil Os
peixinhos. Tribalistas traz algumas mudanças em seu jeito de cantar e de
ver o mundo e não se iguala ao trabalho anterior no quesito musicalidade, mas
músicas como Feliz e Fora da Memória (e talvez apenas as
duas) se assemelham com o disco de 2002. Para tanto, o trio estão muito engajados
e antenados com o que acontece ao redor do Brasil ao abordar a música Diáspora.
Sendo uma das melhores fases criativas de Arnaldo, Carlinhos e Marisa, Tribalistas subiu no meu conceito e
passa a ter um respeito dentro daquilo que considero o melhor da música popular
brasileira.
Tribalistas
(2017) / Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte
Nota
9
Por
Marcelo Teixeira
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