Nana Caymmi, a filha ilustre |
Filha
ilustre de Dorival Caymmi e Stella Maris, irmã de Danilo e Dori Caymmi, cresceu
numa das famílias mais musicais do Brasil. Começou a cantar ainda muito jovem,
adotando desde cedo uma técnica particular para valorizar seu timbre grave. Chegando
com categoria ao trigésimo lugar na lista das 30 Maiores Cantoras de Todos os
Tempos, Nana ainda mantém uma técnica vocal das mais vibrantes que o Brasil
ainda considera uma das maiores vozes. Viveu em uma época em que mulheres não
gravavam discos, não cantavam durante a noite e não podiam ficar na rua até
tarde e é justamente indo contra a todos estes impropérios, que Nana Caymmi se
tornou cantora e das mais valentes, ganhando, em 1976, o Troféu Villa-Lobos de
melhor cantora do ano. Cantando o amor, as decepções, o romantismo, Nana tem em
seu currículo discos sensacionais, sendo ovacionada dentro e fora do país.
Em 1960, registrou sua
primeira atuação em estúdio, participando da faixa Acalanto (Dorival Caymmi), no LP de seu pai, que compôs a canção em
sua homenagem, quando a cantora era ainda criança. Lançou, também, seu primeiro
disco solo, um 78 rpm, contendo as músicas Adeus
(Dorival Caymmi) e Nossos beijos
(Hianto de Almeida e Macedo Norte). No dia 26 de abril desse mesmo ano, assinou
contrato com a TV Tupi, apresentando-se no programa Sucessos Musicais, produzido por Fernando Confalonieri. Em seguida,
passou a apresentar, acompanhada pelo irmão Dori, o programa A Canção de Nana, produzido por Eduardo
Sidney.
Após um jejum de oito anos
no mercado fonográfico brasileiro, lançou, em 18 de junho de 1975, na Sala
Corpo e Som, do Museu de Arte Moderna (RJ), o LP Nana Caymmi (CID). O
disco alcançou o 77º lugar no Hit Parade Carioca, uma semana após o lançamento.
Fez, ainda, uma temporada, no mês de julho, na boate Igrejinha (SP), sendo
citada por Tárik de Souza, no Jornal do Brasil, como a Nina Simone brasileira e provocando a admiração de Caetano Veloso,
que considerou sua interpretação de Medo
de amar (Vinícius de Moraes) uma das mais expressivas da música brasileira.
Em 1980, comandou Nana Caymmi e seus amigos muito especiais,
série de shows apresentados às segundas-feiras, no Teatro Villa-Lobos, com a
participação de Isaurinha Garcia, Rosinha de Valença, Cláudio Nucci, Zezé Mota,
Zé Luiz, Fátima Guedes, Sueli Costa, Jards Macalé e Claudio Cartier, entre
outros. Fez temporada no Chico’s Bar, anexo do Castelo da Lagoa (RJ) e realizou
espetáculo de lançamento do disco Mudança dos ventos (Odeon), viajando
em turnê de shows pelo país. Participou, ao lado do Boca Livre, do Projeto
Pixinguinha.
Em 1981, Canção da manhã feliz (Haroldo Barbosa e
Luiz Reis), na voz da cantora, foi incluída na trilha sonora da novela Brilhante (TV Globo). Seu espetáculo, na
Sala Funarte, foi apontado pelo Jornal do Brasil como um dos dez melhores do
ano.
Em 1982, apresentou-se em
Algarve (Portugal). Realizou uma participação na novela Champagne (TV Globo), representando a si mesma e cantando Doce presença (Ivan Lins e Victor
Martins), ao lado do pianista Edson Frederico. A canção foi incluída na trilha
sonora da novela. No ano seguinte, gravou, com César Camargo Mariano, o LP Voz e
suor (Odeon). Apresentou-se, ao lado do pianista, no 150 Night Club
(SP), para lançamento do disco.
Em 2004, em comemoração ao
90º aniversário do pai, lançou, com os irmãos Dori e Danilo, o CD Para
Caymmi, de Nana, Dori e Danilo, contendo exclusivamente canções de
Dorival Caymmi: Acontece que eu sou
baiano, Severo do pão/O samba da minha terra, Vatapá, Você já foi à Bahia?, Requebre
que eu dou um doce/Um vestido de bolero, Lá vem a baiana, A vizinha do lado/Eu
cheguei lá, O que é que a baiana tem?, Dois de fevereiro/Trezentos e sessenta e
cinco igrejas, Saudade da Bahia, O dengo que a nega tem, São Salvador, Eu não
tenho onde morar/Maracangalha e Milagre.
Os arranjos do disco foram assinados por Dori Caymmi. Em 2005, lançou, ao lado
de Nana Caymmi, Danilo Caymmi, Paulo Jobim e Daniel Jobim, o CD Falando
de amor, sobre a obra de Tom Jobim. Os músicos Jorge Hélder (baixo) e
Paulinho Braga (bateria) participaram das gravações.
Com tantos prêmios e
reconhecimentos, Nana Caymmi merecia o vigésimo terceiro lugar na lista das 30
Maiores Cantoras de Todos os Tempos.
23º
Lugar: Nana Caymmi
As
30 Maiores Cantoras de Todos os Tempos
Marcelo
Teixeira
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