Pérola Negra: clássico dos clássicos |
Luiz Melodia é o grande homenageado
do Mais Cultura Brasileira neste ano de 2018 (título que no ano passado foi de
Marisa Monte) e durante todo esse ano será lembrado aqui e ali por músicas,
composições ou álbuns importantes de sua carreira. O artista foi considerado um
dos 100 mais influentes do cancioneiro nacional pelo conjunto da obra e suas
músicas são referência para muitos cantores que estão inserindo nessa caminhada
de fazer música do bem. Pérola Negra (1973 / Phillips / 19,99)
foi o primeiro disco lançado por Melodia, que teve direção musical de Péricles
Albuquerque e que foi recebida mornamente na época. A gravação do álbum veio
após o sucesso estrondoso das gravações de Gal Costa e Maria Bethânia em 1971 e
1972, respectivamente, das canções Pérola
Negra – que dá nome ao título e até hoje é cantada ou reverenciada pelo
nome – e Estácio Holly Estácio.
Apesar do sucesso de crítica, o álbum não teve o mesmo êxito comercialmente. O
disco mescla elementos de diversos elementos ao universo sambista que
caracteriza as origens do artista e reflete influências de blues, rock, soul e
até samba-canção, de um universo habitado por jazzistas e artistas que Melodia
fora influenciado. Porém, o álbum é
famoso por conter uma participação especial do musico dito marginal Daminhão
Experiença, que foi convidado para contribuir com o backing vocal na faixa Forró de Janeiro. Pérola
Negra traz dez faixas arranjada pelo violonista Pedrinho Albuquerque. Um
solo de flauta de Canhoto, acompanhado por seu regional, dá a largada à
eternidade de Melodia, no samba Estácio,
Eu e Você, inspirado em Cartola. A segunda faixa já é um blues (e dos bons)
Vale Quanto Pesa, em instrumentação
acústica. O disco ainda tem o clássico Magrelinha, que anos depois se
transformou em outra marca registrada do cantor e compositor carioca. Pérola Negra é o ápice do ápice da
música popular brasileira e pude dizer isso pessoalmente ao Melodia em um
encontro que tivemos na Avenida Paulista no ano de 2016, quando ele já estava
sentindo algumas dores lombares (coisa que a mídia ainda não sabia). Há estética,
há beleza, há samba, há blues, há a voz de Melodia estrondando tudo e a todos.
Todas as suas obras são e serão reforçadas pela tese de que o começo foi aqui,
em 1973, com este emblemático disco que, anos e anos mais tarde, foi incluído
na posição 32 na lista dos 100 maiores discos da música popular brasileira pela
conceituada Revista Rolling Stone Brasil.
Pérola
Negra (1973) / Luiz Melodia
Por
Marcelo Teixeira
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