Markinhos: a voz de 1980 |
Assim como Ney
Matogrosso na década de 1970, Markinhos Moura
foi o grande responsável por diversas baladas que embalaram pessoas de diversos
gêneros na década de 1980, sendo a continuidade existencial de um rito que
começou com Ney sobre a diversidade sexual que existe com mais veemência nos
dias de hoje. A importância de Markinhos Moura na música, explorando esse lado
sensual, mesmo que contido, mas com uma dramaticidade não efêmera e de grande
porte, foi o mote central para que tenhamos hoje cantores com a sexualidade
aflorada e suas diversidades acentuadas a tal ponto de que as pessoas não
questionem sobre tal atitude. O mundo mudou seus conceitos sobre tudo e até a
música teve o impacto generalizado por tal feitio e a postura desenvolta de Ney
e a magnífica transposição contida de Markinhos foram o mote substancial
diversificado mostrando a luta por um espaço que até então era massacrado e
discriminado por muitos. Havia o preconceito escancarado e muitas vezes velado
sobre os dois artistas, o que fazia com que ambos fossem massificados dentro de
um sistema unilateral que os unissem dualmente. Enquanto Ney vinha com uma luva
estampada na cara e com danças sensuais a cerca da exploração de seu corpo,
Markinhos era o oposto e se mostrava de cara límpida e com passos contidos e
simples acerca de sua dimensão artística. Aqui encontra-se o oposto entre dois
artistas que buscavam um lugar de respeito mútuo dentro de seu espaço, o espaço
que era caracterizado e concebido por meio da música e de sua importância para
elencar o nível de suas representações. Markinhos Moura fora o grande sucessor
de Ney na década seguinte a dele e, com a morte de Elis
Regina em 1982, sua voz ficou ainda mais atrelada dentro do cancioneiro
feminino, mas com um respeito digno das grandes estrelas. Se hoje temos Filipe Catto e Liniker,
assim como o Não Renegados, devemos muito a competência
exemplar de artistas como Ney e Markinhos, que exploraram de forma categorial a
diversidade de gêneros com uma categoria impressionante e mediática que merecem
respeito. Com enorme sucesso graças ao clássico Mel Mel, Markinhos se afastou da grande mídia, mas não deixou de
ser o excelente cantor que é: o intérprete de Anjo Azul é destaque constante no Bar do Nelson, no bairro de Santa
Cecília, onde recepciona e tem o sorriso cativante de ponta a ponta das
orelhas. Ouvir Markinhos Moura é viajar no tempo, um tempo saudoso, cheio de
alegria atemporal e que nos anestesiava por completo. Seu grande salto se deu
em 1985, quando lançou o disco Diretrizes,
mas foi em 1987 que sua música e voz de fato estouraram no Brasil inteiro,
quando Meu Mel foi enfim
imortalizada. Assim como altos e baixos, a vida do artista deu uma pequena
derrapada e ele saiu de cena ainda na década de 1990, mas sem perder o brilho
de sua carreira. Markinhos continua a cantar e muito: em 2010 lançou o antológico
Mulheres e Canções, em que canta ao lado de cantoras como Verônica Ferriani, Zezé Motta,
Fabiana Cozza e Maria
Alcina. É digno que a juventude de hoje em dia conheça e saiba da importância
desse grande cantor que fora enorme sucesso de público e crítica em uma época
repleta de mistérios e ao mesmo tempo de um lirismo profundo e encantador.
A
importância de Markinhos Moura
Por
Marcelo Teixeira
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